Nunca fui fã do Ayrton Senna, sempre fui muito mais fã do Nelson Piquet. Como você deve saber, me chamo Emerson em homenagem ao Emerson Fittipaldi, o homem que abriu as portas da Fórmula 1 para o Brasil. Vejo corridas desde minha infância. Uma das primeiras lembranças que tenho é do GP de Mônaco de 1986, quando Patrick Tambay atropelou o carro de Martin Brundle e deu um loop de 360 graus no ar (Veja aqui).

Apesar disso, lembro que no fatídico 1º de maio de 1994 eu acordei, liguei a TV para ver a corrida, e o acidente do Senna tinha acabado de acontecer. Como todo brasileiro, acompanhei pela TV e rádio toda a comoção nacional daqueles dias. Mas, nem por isso passei a gostar mais dele: continuei fã do Nelson, o cara que praticamente reinventou a Fórmula 1. Qualquer dia faço um post sobre isso.

Bem, nos últimos dias a internet foi inundada por propagandas sobre a série da Netflix sobre a história do Senna. A princípio, não me interessei nem um pouco em ver. Porém, assisti a um episódio do Flow Podcast com o ator que fez o Galvão Bueno na série (Veja aqui), e fiquei curioso… A seguir, assisti o Making Of da série (aqui) e fiquei ainda mais curioso…

Enfim, na noite de domingo, dia 1.12.2024, assisti ao primeiro episódio, e na noite seguinte vi os cinco outros episódios.

 

Minhas impressões

Primeiro, gostei muito da trilha sonora: músicas dos anos 80/90 muito bem escolhidas. A produção, como um todo, realmente foi ótima: as imagens, a sonorização, as tomadas, um trabalho muito benfeito. No Making Of é mostrado um técnico colando microfones dentro de um motor, para capturar o som real do negócio. Sob recomendação do Sergio Silverly (do Boteco F1 – www.botecof1.com.br) , assisti usando fones de ouvido. Recomendo!

 

Sobre o personagem principal: Não vi o Ayrton. Vi um ótimo ator fazendo o papel de um piloto que corria muito. Mas, diferentemente do que a maioria está dizendo nas redes, não enxerguei nele o personagem. Ou seja, assisti a uma série que poderia perfeitamente ser ficcional. Nem a voz ficou parecida. No fim do último episódio tem uma fala original do Senna, e a diferença para a voz do ator é gritante! Antes que você diga que a ideia não era imitar, daqui a pouco eu falo de outros personagens e você vai me entender.

Ainda sobre o personagem principal, a série “passou pano” pra ele: em 1990 ele bateu de propósito em Prost no GP do Japão para ganhar o campeonato, e a série mostrou como se ele estivesse fazendo justiça, pois no ano anterior Prost o teria tirado. Porém, se você assistir ao GP de 1989, é ele também quem provoca o acidente, que acaba o prejudicando. Nos dois acidentes a série mostra Ayrton como vítima. Não mostraram nada de ruim dele: quase um anjo! Sobre isso, veja o relato de Felipe Massa aqui.

 

Galvão Bueno é outro personagem presente, porém diferentemente do Ayrton, o ator realmente se parece com o locutor. Aparência física, trejeitos, falas… Para mim, o melhor personagem da série. Galvão Bueno é aquele locutor que metade do país ama, metade odeia, mas todos conhecem. E, gostando ou não, ele sabe dar emoção a qualquer narração esportiva. E o ator foi muito feliz em reproduzir o personagem.

 

Por outro lado, colocaram um Reginaldo Leme que não tem nada a ver com o Regi, começando pelo sotaque carioca (Reginaldo Leme é paulista da gema).

 

Rubinho Barrichello é outro que aparece no fim da história (correto, ele chega à Fórmula 1 no ano anterior ao falecimento do Senna), mas o ator não tem nada em absoluto a ver com o Rubens. Completamente diferente!

 

No último episódio aparecem cenas minúsculas de uma Adriane Galisteu que só lembra a original na cor dos cabelos.

 

A caracterização da Xuxa foi muito benfeita: quando a imagem é estática, ou ela não está sorrindo, é incrível. Mas, falando ou sorrindo, se afasta – já não se parece tanto com a apresentadora infantil.

Outros personagens importantes também se parecem, um pouco, com os verdadeiros. O ator que faz o Prost ficou parecido, o Ron Denis também, mas nada de espetacular.

 

Por fim, são seis episódios. Os quatro primeiros são ótimos, detalhados, história bem contada – apesar do passa-pano. Caberiam no mínimo mais dois episódios para a história ser bem contada, o que deixaria a série com oito episódios. Não sei se foi custo, contrato, mas espremeram muita coisa, muitos fatos em apenas dois episódios, deixando tudo amontoado, embolado, estranho, pagando pedágio desnecessário para algumas tribos.

De todo modo, conta bem a história que quiseram contar. Foi muito bem filmado, muito bem-produzido, e é um bom programa para se assistir. Só não vá com muita expectativa. Ou, como disse o Rodrigo Lamonato, “é basicamente uma série ficcional sobre fatos históricos reais”.

 

Um abraço, e até a próxima!