Alguns chamam de Dia do Trabalho, outros Dia do Trabalhador. Com a pandemia e antecipação de feriados, há quem nem tenha percebido a passagem da data.
A palavra trabalho tem origem na palavra tortura: trabalhar era o mesmo que ser torturado. Os escravos eram costumeiramente torturados, logo trabalho remete à escravidão. Aos poucos, como é comum, o sentido da palavra foi se alterando, até chegar ao sentido que conhecemos. Poderíamos então afirmar que, no primeiro de maio, comemora-se o dia da tortura, ou dia do torturado? Bem complicado…
O avanço contínuo da tecnologia vem apontando para o fim do trabalho: as empresas substituem seus trabalhadores por máquinas, computadores e robôs; em contrapartida, aplicativos diversos conduzem as pessoas ao desenvolvimento de suas atividades profissionais sem carteira assinada, a tal livre iniciativa.
Significa que o trabalho com carteira assinada vai acabar? É óbvio que não. Mas o avanço da tecnologia já fez muitas mudanças. Comecei minha vida de trabalho no final da década de 1980, em escritório de contabilidade. Os três primeiros escritórios em que trabalhei tinham mais de 30 empregados cada um. Todo o trabalho era manual, feito em máquinas de datilografia. No meio da década de 1990 os computadores começaram chegar a estas empresas. Hoje, uma empresa de contabilidade do mesmo porte daquelas antigas tem uma equipe de cinco pessoas, em média. Para onde foram os outros 25? O mesmo ocorreu – e ocorre – em diversas atividades. O próprio comércio: quem diria que você compraria móveis para casa sem ir a uma loja, apenas entrando em um site? Sem vendedor na loja, sem o gerente para negociar desconto? A entrega e a montagem ainda não foram substituídas; mas muitos empregados das lojas já foram, e hoje estão usando aplicativos para ganhar a vida, transportando pessoas ou mercadorias.
Voltando ao feriado e ao seu significado, acabamos caindo naquela chatice de esquerda x direita, socialismo x capitalismo, nós x eles. As instituições alinhadas com o pensamento socialista usam esta data para louvar as conquistas de direitos trabalhistas, protestar contra a perda destes direitos, e lutar por conquistas ou reconquistas deste gênero. Ao mesmo tempo, quem é mais alinhado à direita defende principalmente a livre iniciativa, liberdade econômica, desregulamentação da economia, e outras teses deste tipo.
A conclusão, evidentemente polêmica, é que o pessoal alinhado com a direita defende a independência das pessoas, a não vinculação a um empregador; o pessoal alinhado à esquerda quer mais leis trabalhistas, mais vínculos, perpetuando a escravidão dos trabalhadores… Caramba, que loucura!
Um abraço, e até a próxima!